No dia 31 de outubro de 2019, o Instituto Federalista, em parceria com o Instituto Sagres, promoveu o “1º Simpósio Amazônia Brasileira Para Sempre: História, Providências e Oportunidades“, no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, em Brasília, DF. O que motivou a realização deste evento foram as críticas infundadas e as ameaças do Presidente da França, Emanuel Macron, a respeito da competência e da soberania brasileira sobre a Amazônia. As duas entidades agiram rápido no sentido apresentar uma resposta do mundo civil e tentar mobilizar a sociedade em torno do tema. Na ocasião, o presidente do Instituto Federalista realizou uma breve analise e apresentou algumas propostas de solução para certo problemas da Amazônia. Abaixo segue o discurso proferido por Thomas Korontai.
Estamos em Guerra
O primeiro passo para resolver um problema é admitir-lhe a existência. Sem reconhecê-lo, é impossível a sua resolução. Assim, parece-nos evidente que precisamos admitir sem meias palavras, sem eufemismos de qualquer espécie, que estamos em guerra. Se não admitirmos isso também não tomaremos as medidas defensivas necessárias, e continuaremos vulneráveis. Sem dúvida, é difícil, em um primeiro momento admitir esta tese, mas quando mudamos nossa maneira de pensar percebemos claramente uma realidade que antes estava oculta aos nossos olhos e as nossas mentes. Hoje é amplamente reconhecido que nossas maneiras de pensar e entender o mundo podem ser tanto escadas para o céu, como estradas para o inferno.
O objetivo desta guerra é a tomada de uma vasta área do nosso território, onde jazem riquezas imensas ainda inexploradas: a Amazônia. Na luta pelo poder global no século vinte e um, esta área é estratégica por deter os recursos que algumas das atuais potências mundiais necessitam para manter a vanguarda tecnológica imprescindível para a manutenção do poder. Sabemos, igualmente, que nosso território é um atual fornecedor de alimentos e tem ainda um enorme potencial de crescimento na sua produção. Durante muito tempo temos sido aliados de uma grande potência, embora em alguns momentos tenhamos adotado uma postura mais independente. No embate entre a grande superpotência e seus desafiantes, somos uma peça importante do tabuleiro. O desafiante que nos dominar conquistará, portanto, não somente os recursos biológicos e minerais da região amazônica, mas também retira dessa superpotência uma área de influência ideológica, e simultaneamente conquista uma fonte preciosa de apoio em caso de agudização das crises mundiais que se aproximam.
Estamos em guerra, mas as armas que estão sendo utilizadas são essencialmente diferentes dos artefatos explosivos atualmente conhecidos, nucleares ou não-nucleares, embora com maior e exponencial poder de destruição. Sun tzu, o grande general e genial estrategista chinês de 400 antes de Cristo, afirmava que “obter cem vitórias em cem batalhas não é o ápice da habilidade (estratégica). Subjugar o inimigo sem lutar é o ápice da habilidade (estratégica)”. Fomos informados pelos nossos estrategistas militares que é muito improvável que alguma nação tente invadir o território amazônico, mas podem muito bem utilizar das armas tradicionais para nos obrigar a ceder o território em questão, atacando nossos pontos frágeis, talvez como última etapa de um bem urdido plano de longo prazo que estaria em nossos dias em fase de conclusão.
Embora as armas tradicionais ainda sejam utilizadas no mundo atual, a própria guerra sofreu transformações profundas, de modo que estratégias e armas diferentes estão sendo utilizadas, apesar de não reconhecidas por vários especialistas. As novas modalidades de guerra desenvolvidas a partir dos anos oitenta do século passado são tão ou mais insidiosas do que as anteriores, pois são invisíveis e intangíveis. Por isso afirmamos que os ataques aos quais estamos sendo submetidos não são realizados com as armas tradicionais, nem com invasões. Matar ou dominar os corpos só é feito quando absolutamente necessário; o que se faz agora é matar o espírito, a alma humana, mantendo intactos os corpos para serem utilizados como “zumbis”, corpos que se movimentam, regidos exclusivamente pelos instintos naturais sem colaboração da afetividade e da razão, isto é, seres alienados da suas mentes e da sua humanidade.
Guerras contra a identidade humana e contra as instituições
Para nós é evidente que os princípios de guerra ensinados por Sun Tzu estão sendo aplicados contra o Brasil. Estamos sendo conduzidos para uma derrota humilhante sem que nossos inimigos ocultos precisem disparar um tiro ou lançar um míssil contra nós. Tratam de destruir em nosso povo qualquer, e eu repito, qualquer possibilidade de percepção da existência dessa guerra surda e de reação aos seus ataques silenciosos. Na guerra secreta que empreendem contra o Brasil, atacam todos os sistemas de formação da personalidade humana: as instituições fundamentais da sociedade, a família, o sistema educacional, a religião e as igrejas, invertendo valores e destruindo a cultura nacional. Contudo, o objetivo maior é destruir a própria identidade dos indivíduos, fazendo com que cresçam sem entenderem o que são e a finalidade das suas próprias vidas, bem como a finalidade da sociedade em que vivem. Os indivíduos estão sendo esvaziado da sua humanidade para que restem tão somente os instintos mais básicos, que passam então a ser estimulados com drogas alucinógenas e ideologias revolucionárias. No plano filosófico, destroem até o conceito de ser humano, que assim passa a ser entendido como uma coisa igual a qualquer outra, apartado da sua dignidade natural, portanto, completamente manipulável em prol de ideologias totalitaríssimas. Com tais ações visam anular completamente a capacidade de raciocinar e, por decorrência, de agir das pessoas, assim como a vontade de lutar pelo próprio bem, das suas famílias, da sua nação, tornando o país presa fácil para a exploração econômica e política. Conquista-se o país inteiro sem declarar guerras, sem gastar dinheiro, sem manchar a imagem dos atacantes que continuam a gozar de reconhecimento internacional.
Refiro-me à guerra identitária, que usa poderosas armas intangíveis, todavia, de alto poder destrutivo, e que além da anulação da identidade dos indivíduos se estende à destruição da identidade nacional. Um povo que não reconhece a própria identidade torna-se presa fácil de outros povos mais poderosos.
Estamos sob “fogo cerrado” e talvez não tenhamos percebido ainda. Por isso, medidas severas precisam ser adotadas para que o nosso território e as nossas fontes de riquezas futuras continuem incólumes.
Talvez nos perguntemos: por que isso esta acontecendo? Qualquer pessoa com um mínimo de informação e de bom senso reconhece sem dificuldades que crises inúmeras confluem e se encontram, amplificando mutuamente os seus efeitos. O ambiente atual é de ciclópicas mudanças que se avolumam a cada dia. Os problemas potenciais de países considerados híper civilizados, socialmente seguros, com alto padrão de vida, nesta situação emergem e se atualizam rapidamente, tomando a populações e governos de surpresa. Diante destes problemas e em risco de perder para sempre os padrões internos atingidos e a proeminência mundial conquistada, tentam tomar os recursos daqueles que ainda os detêm, utilizando-se, para isso, até de meios sórdidos, demonstrando que a híper civilização que ostentam é apenas um fino invólucro para as suas intenções malévolas.
Diante dessas crises, que afetam a todos, o Brasil precisa adotar atitudes diferentes das que adotou até este momento. Precisamos urgentemente vencer o comodismo, a pasmaceira e a resistência às mudanças benéficas. A velocidade das mudanças globais exige respostas rápidas e efetivas. Os desafios do século vinte e um exigem soluções inovadoras. Por isso, é preciso pensar diferente para romper com os grilhões que nos aprisionam ao passado. Libertemos nossas mentes das amarras do colonialismo mental ao qual fomos acostumados. Precisamos pensar e fazer diferente do que fizemos até agora, até porque se continuarmos semeando os erros de sempre, continuaremos a colher frutos amargos. Obviamente, não se trata de jogar nossa história no lixo, mas sim de buscar nela os elementos positivos que podem servir de alavanca para novos progressos. Muitas vezes inovar significa reinterpretar o passado, o que pode nos apontar novos caminhos para as resposta aos desafios do presente.
O estado é parte essencial do problema brasileiro
E é neste contexto de ameaças que emergem e se avolumam assustadoramente que ressaltamos alguns fatores essenciais, entre eles o atual modelo do estado brasileiro, sem deixar de reconhecer a importância e urgência de outros fatores. O modelo de estado construído nas ultimas décadas não somente impede as mudanças internas necessárias para enfrentar as ameaças que agora se apresentam como gera problemas tão graves quanto aqueles que vêm de fora. Assim, não relutamos em afirmar que o estado brasileiro é parte essencial do problema do Brasil. Temos um estado hipertrofiado, pantagruélico, que devido ao seu gigantismo devora todos os recursos da sociedade. Este modelo de estado antiquado e perdulário precisa ser alterado para que possamos enfrentar e superar os desafios que nos estão sendo colocados no presente.
Feitas estas rápidas considerações, queremos apresentar algumas sugestões, algumas propostas que visam alterar o quadro descrito e dar celeridade ao país na defesa da sua soberania. Indubitavelmente, não consideramos que seja um rol exaustivo, mas sim alguns pontos imprescindíveis para a elaboração de uma estratégia que vise assegurar a nossa soberania, portanto, tais propostas devem ser discutidas e aperfeiçoadas.
Federalismo Assimétrico e Soberania Nacional
Impossível duvidar que a Amazônia é hoje uma área sensível do ponto de vista geopolítico. Portanto, exige atenção e cuidados especiais.
Redivisão territorial
Observam-se as desigualdades não somente geográficas, econômicas, sociais, mas também a de capacidade dos entes subnacionais, ou seja, estados e municípios, de gerirem adequadamente os seus territórios. É de conhecimento comum que a eficiência e a eficácia da gestão estão proporcionalmente vinculadas à capacidade dos gestores de controlarem a sua área de abrangência. Dessa forma, uma coletividade somente pode se tornar autônoma, isto é, um “estado”, se comprovar que tem, em primeiro lugar, capacidade de financiar suas atividades e, em segundo lugar, se demonstrar que tem capacidade efetiva de controlar o seu território. Assim, as coletividades que não apresentarem estes requisitos mínimos não devem emancipar-se ou manter suas autonomias. Nesta mesma linha de pensamento, um território com escassa densidade populacional também não pode adquirir autonomia política, por lhe faltar um dos elementos principais. Essas regiões, então, ou devem permanecer como territórios federais, ou devem retroceder a esta condição caso não as apresentem.
Sabemos, conforme as informações dos especialistas que nos antecederam neste simpósio, que a Amazônia encontra-se ocupada por estrangeiros que cooptaram os habitantes locais. Sabemos também que existe o interesse em supostamente transferir soberania para povos indígenas e outras comunidades, criando outros países a partir do território brasileiro, explorando tais povos. Não por coincidência, nos desejam subtrair a soberania justamente na parte onde se concentram grandes riquezas. E o pior disso tudo é que alguns brasileiros estão colaborando direta e indiretamente com este intento, inclusive governadores de estado da Região Norte[1]. Acabamos de sofrer ataques eco-terroristas com a suposta participação de países contíguos e possivelmente com a participação de uma ONG internacional. A pergunta que se apresenta é: o que fazer para evitar a progressão dessa ação e a sua culminância na perda da nossa soberania. Para nós não resta dúvida que ações imediatas e firmes devem ser adotadas, inclusive modificando legislações para que as ações corretivas atinjam os efeitos necessários.
Meus amigos, a situação é preocupante. Alguns indícios da gravidade do problema já se apresentaram.
Modelo de estado e soberania
Mas qual a relação do modelo de estado com o problema em questão? A estrutura do estado é um fator predisponente, ou seja, facilitador ou dificultador do exercício da soberania,. Temos atualmente um estado reconhecidamente gigante, pesado, lento, oneroso, que atua reativamente, e isso quando atua, em suma, um estado rígido. Para a manutenção da soberania, não somente na Amazônia, mas em todo o território nacional precisamos de um estado que seja, nem gigante, nem nanico, mas um estado leve e ágil, eficiente e eficaz, enfim, um estado flexível o suficiente para atuar antes que as crises se instalem. A soberania, considerando o momento de grave instabilidade mundial, não poderá ser defendida com um estado catatônico e inflexível, como o que temos atualmente.
Defesa Nacional eficaz não se improvisa
É preciso ter sempre em mente que a defesa do país não pode ser improvisada; defesa é uma questão de cuidado e atenção permanente. Uma boa defesa leva décadas para ser implementada. Mas é preciso estar atento também para as operações de guerra psicológica que são aplicadas antes das ações efetivas da quebra da soberania. Nossos adversários têm tentado nos convencer, e ao mundo, de que somos incapazes de gerir o nosso território e as nossas riquezas, e em alguns casos tem logrado êxito. O foco dessa guerra é atualmente a Amazônia, como vimos nas últimas semanas.
Assim, o que propomos é, num primeiro momento, a declaração de que a Amazônia é uma área de interesse especial e que certos dispositivos legais que impedem as ações rápidas de defesa da soberania sejam revogados; em um segundo momento, que se reestabeleçam o status de territórios federais naquelas regiões amazônicas que não apresentem os requisitos antes citados. Obviamente, mesmo nas partes do território que preservarem a sua autonomia a União Federal deverá ter capacidade legal de atuar com maior liberdade para manter a soberania. Então, o que propomos é uma redivisão territorial que permita maior agilidade na gestão e na defesa do território amazônico tendo em vista o crescimento das ameaças aquela região.
Constituição de uma Força Policial Amazônica
Um território imenso sem que o estado o fiscalize efetivamente continuará sendo explorado indevidamente e sendo ocupado por estrangeiros. Sabemos que as Forças Armadas atuam nas fronteiras, mas o interior da Amazônia encontra-se desguarnecido e é uma terra quase sem lei. Por isso, necessário se faz um redefinição das funções dos órgãos de segurança para controlar o imenso e rico território. A Amazônia precisa de uma força policial integrada e adequada às suas condições. Em vista disso preconizamos a criação de uma polícia amazônica, separada e independente de outras forças policiais, que teria a missão o policiamento ambiental, de combate à extração ilegal de minérios e de madeira, de tráfico interno de drogas, e de roubo e trafico internacional de materiais arqueológicos, de prevenção e combate a incêndios criminosos entre outras funções subsidiárias. Certamente, não nos escapa que os recursos para tal empreendimento são escassos, porém, é nestas horas que precisamos mobilizar a proverbial criatividade dos brasileiros para encontrar as soluções adequadas. E começo aqui esta tarefa dizendo que podemos começar reaproveitando pelo menos os brasileiros que prestam o serviço militar, excelentemente treinados pelas tropas de selva, e depois retornam a vida civil. O contingente poderia ser complementado pelos militares que também receberam formação nas outras forças, sobretudo aqueles especializados em operações especiais.
Campanhas de comunicação para as novas gerações
Dissemos que sofremos operações de guerra psicológica. Na verdade, essas operações também são direcionadas para as futuras gerações de outros países, nos quais a Amazônia é apresentada como o pulmão do mundo e propriedade dos seus países. Milhões de jovens destes países crescem e crescerão acreditando que somos incapazes de cuidar do patrimônio deles, e por esta razão eles podem apoiar que seus governos empreendam ações diplomáticas em âmbito mundial para dominar efetivamente a Amazônia, bem como poderão apoiar as suas poderosas Forças Armadas realizarem operações militares contra o território brasileiro com o claro objetivo de retirar a nossa soberania. Obviamente, há uma intensa campanha de comunicação para convencê-los dessas ideias absurdas. Assim, precisamos criar e manter constantes campanhas de comunicação para mostrar a estas novas gerações a quem pertence verdadeiramente o imenso território verde.
Projetos de conscientização para estudantes universitários
Neste mesmo diapasão, precisamos realizar campanhas constantes de comunicação mostrando ao povo brasileiro a importância de defendermos este território. Mas esta campanha deve se dirigir principalmente aos jovens, pois estes provavelmente enfrentarão as dificuldades do futuro que estão sendo gestadas neste exato momento, em algum lugar do mundo dito desenvolvido.
O adágio popular é muito sábio ao afirmar que só se ama aquilo que se conhece. Assim, a par de constantes campanhas de comunicação precisamos fazer com que os jovens do presente conheçam de fato a Amazônia, que coloquem os seus pés na selva luxuriante, que se banhem nos rios, que toquem e vejam os animais e comprovem a diversidade estonteante da flora amazônica. Projetos que levem estudantes para conviver durante algum tempo naquela região, prestando serviços, pesquisando, estudando, convivendo com as populações amazônidas tem neste momento uma importância estratégica para a manutenção da nossa soberania. O dinheiro investido nestas ações será um investimento em contrapropaganda e terá um efeito preventivo excepcional.
Difusão da mentalidade de segurança nacional
A segurança nacional tem estado concentrada, por uma questão compreensivelmente natural, nas mãos dos militares; afinal, quase não sofríamos qualquer ameaça. Porém, diante dos futuros sombrios cenários que se anunciam é da mais alta importância que civis também passem a dominar este tema. Há algum tempo falava-se que o único interesse do brasileiro era o futebol, o carnaval e a praia. No entanto, hoje grande parte dos brasileiros sabe citar os nomes dos ministros do STF e dos seus respectivos vícios e virtudes, e aos poucos perde o interesse pela escalação da Seleção Brasileira de Futebol. Precisamos promover cursos de nível superior, divulgar os sites e revistas que abordam tais questões de modo que o cidadão consiga discernir os aspectos envolvidos, implícita ou explicitamente, nos debates públicos, e que consiga interpretar as questões pertinentes. Do mesmo modo que a inflação persistente em décadas passadas fez surgir os comentaristas econômicos nos jornais, precisamos estimular o surgimento dos comentaristas de soberania e defesa nacional. De certa forma isso já está começando a acontecer, haja vista a quantidade de inscritos em canais do youtube especializados em geopolítica, mundo e artes militares, etc. Mas o caminho para formar uma consciência nacional bem informada ainda é longo. É preciso qualificar este público.
Reorganização do sistema de educação
Vivemos na era da informação e do conhecimento. Desprezar estes recursos intangíveis é abdicar da fonte de riqueza no século XXI. Mas as tecnologias de informação tanto quanto as capacidades individuais, coletivas, naturais e artificiais de produzir, armazenar e recuperar conhecimentos não podem ser improvisadas e nem são independentes do ser humano. Sem um sistema efetivo e eficaz de educação, por mais abençoados que sejamos com imensos recursos naturais, jamais conseguiremos sair da situação de mendigos sentados em baús cheios de tesouros, ou de esfaimados dormindo sobre sacos de alimentos.
Reestruturação e renovação dos sistemas de desenvolvimento tecnológico e de Inovação
A tecnologia é, sem dúvida, um fator importante de desequilíbrio na balança do poder. No mundo atual as bases de desenvolvimento de tecnologia são tão importantes quanto a manutenção de forças armadas. Todavia, o elemento que inclina a balança para um lado ou para outro, paralelamente a uma visão prospectiva da realidade, são os sistemas de inovação. Dominar uma tecnologia única, exclusiva e talvez desconhecida dos possíveis ameaçantes pode ser a diferença entre o domínio por nós ou a entrega do nosso território para estrangeiros. Nesta mesma direção, não devemos esquecer que a Amazônia é um imenso relicário econômico. A bio-economia e a biotecnologia podem e devem ser priorizadas como um ativo de geração de valor à economia nacional.
Fortalecimento da indústria nacional de defesa
As guerras do século XXI têm menos soldados em combate e mais soldados na retaguarda, no controle de equipamentos teleguiados, na elaboração de novas tecnologias e novas teorias sobre a realidade. Isso ocorre porque as guerras atuais usam mais a tecnologia e menos a força humana, a força bruta. Nenhum país do mundo consegue se defender adequadamente sem um sólido sistema econômico e industrial que lhe permita autossuficiência e independência tecnológica. Diante das ameaças que começam a se manifestar precisamos reestruturar e incentivar nossa indústria de defesa.
Rompimento de acordos internacionais que limitem os meios de manutenção da soberania nacional
Os acordos internacionais tem sido uma das armas intangíveis utilizadas pelas potenciais mundiais para limitar a ascensão econômica e militar de países emergentes, como o Brasil. Temos de ter a coragem de construir nossa independência, começando por não nos subordinarmos a acordos que nos impeçam de manifestar aquilo que já somos em potencial, isto é, um país rico e poderoso.
No mês passado aconteceu em Roma o Sínodo da Amazônia. Entre assuntos de disciplina interna da igreja foram tratados temas que interferem em nossa soberania. Ora, o Vaticano é um ES-TA-DO com o qual temos um acordo firmado. Se um estado comete o abuso de discutir nossa soberania sem nem ao menos nos consultar, e ainda afirma que uma parte substancial do nosso território não nos pertence, mas sim a toda a humanidade há ai uma tentativa de imiscuir-se em assuntos que não lhe diz respeito. Um governo sério poderia simplesmente romper este acordo. Lembremos que romper um acordo diplomático com o Estado do Vaticano não significa que estejamos nos colocando contra a Igreja Católica ou os católicos.
Outro acordo limitante dos meios de manutenção da nossa soberania é o de limitação e de não-proliferação de Armas Atômicas. As atuais potências mundiais impuseram “diplomaticamente” a limitação de armas nucleares a vários países. No entanto, alguns deles desenvolveram seus arsenais, e mesmo sem expressão econômica, conseguem impor constrangimentos a estas potencias. Observa-se também que países que estavam em estágios avançados de desenvolvimento de armas atômicas, quando desistiram desse intento, foram literalmente esmagados. Sem desejar fazer qualquer julgamento do mérito quanto à atuação dos governantes do país que citarei, mas simplesmente me ater aos fatos, ressalto aqui o exemplo da Líbia de Muamar Kadaf.
O Brasil respeitou e respeita rigorosamente o tratado de não-proliferação de armas atômicas. Contudo, diante da complexa situação geopolítica mundial, cremos que o momento de adotarmos outra política chegou. Se as próprias potencias que impuseram tais acordos os desrespeitam, devemos cobrar que reduzam ou acabem com os seus arsenais, o que é pouco provável que o façam, e devemos nós começar a construir os nossos. Não é possível esperar ingenuamente por proteção militar de alguma potencia estrangeira; temos de construir a nossa própria capacidade de defesa contra quaisquer agressões à nossa soberania.
Resumo
Para resumir, apresento a pequena lista de providências que consideramos imprescindíveis:
- Re-divisão territorial da região amazônica e aprovação de leis que a tornem área de interesse especial para a soberania nacional;
- Constituição de uma força policial amazônica;
- Campanhas de comunicação para as novas gerações brasileiras e estrangeiras a respeito dos legítimos proprietários da região.
- Estabelecimento de programas de conscientização de estudantes universitários e, ou, do ensino médio, sobre a Amazônia;
- Difusão da mentalidade de segurança nacional, sobretudo entre lideranças e formadores de opinião;
- Reorganização do sistema de educação;
- Reestruturação e renovação dos sistemas de desenvolvimento e inovação tecnológica;
- Fortalecimento da indústria nacional de defesa;
- Revisão ou rompimento de acordos internacionais que limitem os meios de manutenção da soberania nacional.
Estas são algumas das sugestões que trazemos a esta importante discussão, sem a pretensão de sermos os detentores da verdade.
Para finalizar quero expressar nosso entendimento que, certamente, entre os perigos que se avolumam à nossa frente e os recursos e capacidades que dispomos para debelá-los existe um enorme hiato, porém não intransponível. Acreditamos que a nação brasileira saberá usar toda a sua proverbial criatividade para compensar o que nos falta com a exuberante inteligência que sempre demonstrou em momentos fatídicos.
Olhamos para frente e vemos nuvens de tempestade. Uma hora difícil se aproxima, um momento de terrível teste da nossa capacidade e vontade de nos mantermos no controle desse exuberante patrimônio que nos foi doado por Deus. Assim como no alvorecer da nação brasileira expulsamos por três vezes os franceses do nosso território; assim como em Guararapes o povo pobre, armado apenas com armas toscas diante do invasor melhor equipado, soube usar a astucia e a coragem para vencer o inimigo no campo de batalha; assim como soubemos defender nossas fronteiras ao sul e ao norte, muitas vezes tendo de desembainhar nossas espadas e lutar em enorme desvantagem; assim como nos batemos corajosamente nas montanhas da Itália contra os monstros do nazismo e do fascismo, utilizando a bravura dos nossos pracinhas e a inteligência dos nossos oficiais, e tratando com respeito e humanidade os vencidos, nossa geração está sendo chamada a dar a sua cota de sacrifício pela pátria.
Um dia a cobra fumou nos solos da Europa e o avestruz com trabuco “sentou a pua” nas aeronaves inimigas que carregavam a destruição e a miséria em suas asas. Lembremos dos exemplos históricos de desapego dos brasileiros quando a suas vidas foram requisitadas pela nação, pois provavelmente a cobra voltará a fumar.
Que Deus abençoe nossos esforços para a manutenção da integridade do nosso território e da nossa soberania para que continuemos sendo um pedaço da Terra onde reine a paz imorredoura.
[1] Vimos há algumas semanas um fato despropositado: alguns governadores da região norte do Brasil compareceram a uma reunião convocada por um governante estrangeiro que mentiu a respeito de e fatos que estavam ocorrendo aqui. A presença dos governadores nesta reunião demonstra um sentimento antipatriótico e de tons separatistas.